Noemi tira a roupa no BBB" e revela pudor Brasileiro com a nudez
Noemí tira a roupa no "BBB" e revela pudor brasileiro com a nudez
21/03/2012
A
relação que a espanhola Noemí tem com o próprio corpo está dando o que falar no
"BBB". Desinibida, a garota não tem tantos pudores quantos os colegas
brasileiros têm na hora de se trocar ou tomar banho. Isso porque, quando a
participante entrou, ela logo avisou que na casa espanhola os integrantes
tomavam banho nus. Mesmo assim, os comentários nas redes sociais e notícias
sobre o assunto foram inevitáveis.
No
discurso de eliminação do último domingo (18), o apresentador Pedro Bial chamou
atenção para o tema e disse: “Nossa hóspede vem nos demonstrando que, para
trocar de roupa no ‘Big Brother’, não é preciso fazer contorcionismo sob os
edredons. Vocês mostram vergonhas tão maiores que pererecas, peitinhos e
pintinhos. A nudez relâmpago de Noemí, ao trocar de roupa com a naturalidade de
quem está em casa, sua nudez natural, tão breve e inocente, virou notícia no
país do Carnaval, do 'Créu', do [biquíni] fio dental”.
Para
Rosa Hercoles, coordenadora do curso de Comunicação das Artes do Corpo da
PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), essa relação mais contida que o
brasileiro tem com o corpo foi construída com a vinda dos portugueses para o
Brasil. “Os colonizadores chegaram e viram os índios nus, convivendo com outras
normas, completamente diferentes das europeias, e foi aí que nasceu essa
impressão de que brasileiro é ‘soltinho’. Essa é uma noção que persiste até
hoje e tentamos corresponder à imagem que o colonizador teve da gente no século
16”, afirma Rosa.
Para
Juliana Bonetti, terapeuta do Inpasex (Instituto Paulista de Sexualidade), a
nudez no Brasil ganha uma conotação sexual. “Ao contrário do brasileiro, o
europeu lida com a nudez e se relaciona com o corpo de uma forma mais natural.
Em nosso país, essa relação é muito erotizada. O topless na Europa é habitual,
já por aqui é algo sexualizado. A amamentação em público, por exemplo, também é
um comportamento que no Brasil, muitas vezes, adquire um viés erótico.”
Segundo
o psicólogo e psicoterapeuta sexual Oswaldo Rodrigues, também do Inpasex,
“nudez não significa sexo, mas pode ser erótico para quem olha, mesmo que não o
seja para quem se expõe”. Além das diferenças culturais, o especialista ainda
ressalta os fatores climáticos dos continentes, que fazem com que um corpo nu
seja encarado de forma mais natural em países da Europa. “Por causa do frio, o
europeu vive, necessariamente, vestido e escondido mais da metade de cada ano.
Ele nasce e aprende que precisa compensar e viver o sol, para que desenvolva a
saúde. Então, a nudez passa a ser tolerada no verão”.
Moral cristã
Entre
todos os entrevistados, é unânime que a religião também é causadora do
estranhamento que a ausência de roupa causa por aqui. “A moral judaico-cristã,
muito forte no Brasil, prega que a nudez é pecado. Isso faz com que os corpos
não sejam livres e não é o fato de vestir regatas e shortinho, por causa do
calor, que faz com que o corpo seja liberto. Liberdade é uma velhinha de 80
anos da Dinamarca, por exemplo, poder nadar só de calcinha”, diz Rosa Hercoles.
Para
Oswaldo Rodrigues, a religião foi o caminho que os colonizadores encontraram
para doutrinar a nudez dos brasileiros. “Assim, se determinou o caminho para
significar a nudez: se é temente a Deus, vive vestido e não permite o oposto”,
explica.
O
terapeuta sexual ainda diz que, durante o Carnaval, é o momento que o
brasileiro tem para extravasar essa tensão. "Passamos por alguns dias
agindo como se pudéssemos transpor todas e quaisquer barreiras morais e,
depois, nos outros 360 dias, vivemos em restrições”, diz Rodrigues. Fato que
nos faz pensar se não é a naturalidade de Noemí que deveria ser mais apropriada
no “país do Carnaval”.
UOL
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