Após ter velório enterro, homem tente provar que não merreu
Após ter velório e enterro, homem tenta provar que não morreu
Foto: Thiago Meireles/TV Verdes Mares
Fortaleza
- Antônio Rodrigues, 43 anos, foi dado como morto pela própria mulher e
agora tenta provar que ainda está vivo, no município de Canindé, no
sertão central do Ceará. Ele teve velório e até “está enterrado” há
quatro anos em uma cova no cemitério da cidade. Pelo menos é o que diz o
documento de liberação do corpo, emitido pela Polícia Civil do Ceará
em fevereiro de 2009. Desde então, ele afirma que tem problemas. “Ficou
ruim de eu trabalhar, ficou ruim de eu vender os negócios. Onde eu
chego é morto-vivo. Ficou complicado”, reclama Antônio.
Mas
o enterro foi um engano. Antônio Rodrigues trabalhava como
caixeiro-viajante, ou galego, o famoso vendedor de porta em porta. Por
causa da profissão, a família pouco sabia por onde ele andava. Numa
dessas viagens, ele estava em Tejuçuoca, no Norte do estado, quando a
família recebeu a notícia de que o corpo de alguém parecido com ele
havia sido encontrado em Maranguape, na Região Metropolitana de
Fortaleza.
A
ex-mulher dele foi ao Instituto Médico Legal (IML) e reconheceu o
corpo como sendo o do ex-marido. Houve o velório, o enterro e, um dia
depois, ele reapareceu. “Uma pessoa que passa 20 anos com a pessoa e
não reconhece o corpo”, questiona Antônio. A ex-mulher de Antônio
Rodrigues, Lurdirene dos Santos Freitas, disse que só reconheceu o
corpo porque toda a família de Antônio, inclusive as irmãs dele,
afirmavam que o corpo era do ex-marido.
O
enterro teve até testemunhas. Quer melhor que o próprio coveiro? “O
corpo chegou, a gente colocou na capela que tem aqui no cemitério. E eu
vim cavar aqui para poder enterrar”, relata o coveiro, José Vieira da
Silva Filho.
Não existe
Por
conta do engano, Antônio Rodrigues, formalmente, não existe. O
advogado da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do
Brasil Secção Ceará (OAB-CE) explica como ele pode resolver o impasse.
“Ele pode entrar na Vara de Registros Públicos, na capital ou na vara
cível mesmo em Canindé, requerendo a anulação dessa certidão de óbito”,
disse.
De
acordo com Férrer, deve ser feito também pelo Ministério Público uma
apuração de quem fez o ato criminoso, assim como o vendedor autônomo
pode entrar com uma ação de indenização contra as pessoas responsáveis,
inclusive o cartório.
Comentários em Canindé
Assim
como Antônio, nas ruas de Canindé muitos não entendem como a mulher
reconheceu o corpo errado. “Eu acho que dava para reconhecer né? Não
dava pra ter tanto engano assim, não”, opina a auxiliar de escritório
Maria Ramos Cruz. Antônio Rodrigues pode até desfazer o engano, mas em
Canindé todos querem saber: Quem será esta pessoa que está enterrada
aqui agora?”
G1 CE, com informações da TV Verdes Mares
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