106 municipios baianos decretam estados de emergençia por causa da seca
106 municípios baianos decretam estado de emergência por causa da seca
O número de municípios que decretaram
estado de emergência por conta das dificuldades enfrentadas pela seca já
chega a 106 cidades. Um total de 1 milhão e 300 mil pessoas é a
estimativa de afetados feita pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil
(Cordec). Nesta quarta (21), a Cordec encaminha para Brasília um lista
com os nomes de todos os municípios para que possam ser reconhecidos
pela Secretaria Nacional de Defesa Civil.
“O governo da Bahia já homologou os
decretos de emergência. Agora, falta ser reconhecido no âmbito federal
para que os municípios possam dispor de recursos do Estado e da União
para ajudar a enfrentar a seca”, destacou o coordenador estadual de
Defesa Civil, Salvador Brito.
“Não há como não homologar, porque a
situação é realmente complicada. Os municípios estão vivendo numa
situação de emergência. Eles não conseguem dar conta sozinhos. Não tem
água e a lavoura está praticamente toda perdida”, emendou o coordenador,
referindo-se ao período de estiagem, considerado um dos mais intensos
nos últimos 60 anos.
O Ministério da Integração Nacional já
disponibilizou R$ 10 milhões para amenizar as consequências da falta de
chuvas. “Esse valor foi um compromisso do ministro Fernando Bezerra para
atender aos municípios. Mas, só depois de reconhecer para o governo
federal liberar a verba. A necessidade é muito maior, mas já é uma ajuda
significativa”, diz Brito.
O CORREIO entrou em contato com a
assessoria do Ministério da Integração Nacional para saber como o valor
será investido e rateado entre os municípios, mas até o fechamento desta
edição, às 22h, não obteve resposta.
“A gente quer saber quando vai ser
repassado e quanto cada município vai receber. É uma burocracia
infernal”, pontuou o presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB),
Luiz Caetano, prefeito de Camaçari. Segundo ele, alguns prefeitos não
sabem nem como decretar emergência.
Medidas
Nesta terça (20), na sede da UPB, foi realizada uma reunião para discutir medidas para ajudar as cidades afetadas. Em torno de 90 prefeitos e 20 representantes compareceram à reunião. O secretário estadual de Relações Institucionais, Paulo Cezar Lisboa, apresentou durante o encontro seis proposições de ajuda por parte do governo, envolvendo a ampliação de convênios para limpeza das aguadas e contratação de carro-pipa.
Nesta terça (20), na sede da UPB, foi realizada uma reunião para discutir medidas para ajudar as cidades afetadas. Em torno de 90 prefeitos e 20 representantes compareceram à reunião. O secretário estadual de Relações Institucionais, Paulo Cezar Lisboa, apresentou durante o encontro seis proposições de ajuda por parte do governo, envolvendo a ampliação de convênios para limpeza das aguadas e contratação de carro-pipa.
“Vamos também criar condições para
assegurar o seguro safra, que dá um suporte ao produtor, e a instalação
de poços tubulares, além de cestas básicas”, disse Lisboa. Há
preocupação ainda com a distribuição das cestas. “O que nós temos que
ter cuidado é que ninguém se aproveite por estar em campanha eleitoral.
Cada município tem que prestar conta de quem foi beneficiado pelo
recurso”, ressaltou o coordenador estadual de Defesa Civil.
O superintendente da Secretaria da
Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), Wilson Dias, disse
que o governo está comprando 1.100 toneladas de sementes que serão
distribuídas entre os moradores afetados.
Redenção
Enquanto a ajuda não vem, mais de um milhão de moradores de cidades do interior sofrem. O agricultor aposentado Ronato Roger, 49 anos, morador de Irecê, esteve na reunião e reclamou dos efeitos da seca. “Estamos tendo que racionar água. A plantação está inviável e os animais estão passando sede”.
O também agricultor Valdilicio Barreto, morador de São Gabriel, disse que teve perda total. “Planto feijão, pinha, milho e mamona. Sou um pequeno produtor e tive perda total. De janeiro para cá, não choveu nada”, lamentou.
Enquanto a ajuda não vem, mais de um milhão de moradores de cidades do interior sofrem. O agricultor aposentado Ronato Roger, 49 anos, morador de Irecê, esteve na reunião e reclamou dos efeitos da seca. “Estamos tendo que racionar água. A plantação está inviável e os animais estão passando sede”.
O também agricultor Valdilicio Barreto, morador de São Gabriel, disse que teve perda total. “Planto feijão, pinha, milho e mamona. Sou um pequeno produtor e tive perda total. De janeiro para cá, não choveu nada”, lamentou.
“É bastante difícil. O município tem
plantação de café, pecuária, mas é seco por natureza. Desta vez, secou
totalmente as aguadas que servem para acumular água”, contou Ana Lúcia
Aguiar (PR), prefeita de Barra da Estiva, a 540 quilômetros de Salvador.
Ela estima que foi perdido 70% da produção de café. “A gente tardou de
fazer o decreto de emergência, aguardando que fosse chover, mas não
choveu”, complementou.
A previsão do prefeito de Irecê, José da
Virgens (PT), também não é boa. “Se não chover, do jeito que vai,
teremos uma perda total da safra. Seca para nós não é novidade, mas a de
2011-2012 está sendo comparada a 1932 e 1976, consideradas as piores”.
No município de Água Fria, a 150
quilômetros de Salvador, moradores interditaram, na manhã de ontem, a
BA-084 que liga a cidade a Biritinga. Os manifestantes protestaram
contra a falta de água e os prejuízos sofridos. “A seca se agravou desde
o início de 2011. Este ano, não tivemos safra. Toda produção foi
perdida”, contou o prefeito de Água Fria, Adailton Leão (PP).
Na próxima segunda-feira, o ministro da
Integração Nacional, Fernando Bezerra, estará em Salvador. A UPB
pretende entregar um ofício ao ministro, pedindo uma audiência com a
presidente Dilma Rouseff
Nenhum comentário